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Duplicação da Faixa Nova não deve ser incluída no pacote de concessão da RSC-287

Marcelo Martins

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Quem passou pela Faixa Nova de Camobi, a RSC-287, na tarde de ontem, talvez nem soubesse da audiência pública, realizada no Park Hotel Morotin, que debateu o projeto de duplicação da rodovia em um trecho de mais de 200 quilômetros de Santa Maria a Tabaí. No local, autoridades públicas e políticas de Santa Maria e da região - além de representantes da gestão de Eduardo Leite (PSDB) - debateram o projeto de concessão da RSC-287. O endereço não poderia ter sido mais sugestivo: a Faixa Nova, que é de pista simples e precarizada, e que não está contemplada no projeto inicial do governo do Rio Grande do Sul.

De acordo com a proposta original do Executivo estadual, por aqui, em Santa Maria, o projeto contempla a duplicação de apenas 1,5 quilômetro da área urbana (do trevo do aeroporto até Silveira Martins). E a bandeira de empresários e lideranças do município e da região é tentar reverter isso, já que a duplicação de toda Faixa Nova, de 8,8 km, teria um custo estimado de R$ 30 milhões.

Tarefa nada fácil, uma vez que o Piratini entende que a inclusão dessa demanda atrasaria um eventual processo licitatório e, por consequência, o começo das obras. Entendimento diametralmente oposto por empresários e público presentes.

O saldo da audiência não é dos mais animadores e desperta, no mínimo, apreensão. O governo do Estado sinalizou, ontem, com três situações que acenam para o que pode ser um desfecho para a questão: a inclusão da duplicação junto ao pacote de concessão; inclusão da obra de duplicação (mas sem manutenção da rodovia); e a garantia da obra de duplicação com recursos do próprio Estado.

Ao Diário, o secretário extraordinário de Parcerias do Rio Grande do Sul, Bruno Vanuzzi, explicou que a primeira delas se mostra de difícil aplicação. Porém, ele acenou com o terceiro cenário para atender ao pedido da comunidade santa-mariense:

- Temos hoje três situações colocadas, são elas: a inclusão da duplicação no projeto da concessão, o que é difícil de ocorrer pela complexidade por se tratar de um trecho urbano e com caraterísticas diferentes de uma rodovia. A segunda opção, que não me parece a mais apropriada, é a duplicação da rodovia dentro do pacote de concessão, mas sem a garantia de posterior manutenção (da rodovia) e, por fim, a terceira, que seria a realização da obra pelo próprio Estado, por meio do Daer, com recursos da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, que incide sobre o óleo diesel e que ser revertida em investimentos em estradas e rodovias).

TARIFA MAIOR
Mesmo assim, Vanuzzi afirmou que, antes da licitação para a definição do pacote de concessão de mais de 200 quilômetros da RSC-287, Santa Maria terá uma resposta dada aos seus anseios. O que foi endossado pelo secretário de Transportes, Juvir Costella, que entende que é possível que o Estado, com um cronograma físico-finaceiro definido, possa atender à duplicação dos quase nove quilômetros da Faixa Nova, por onde passam cerca de 10 mil veículos por dia e é um dos principais acessos entre a cidade e o Bairro Camobi.

- É bom que se diga que essa eventual alteração no projeto inicial representa, ainda, uma alteração signitifcativa na tarifa do pedágio. O que é certo, mesmo, é que esses nove quilômetros não serão esquecidos - afirmou o secretário.

O futuro incerto da Faixa Nova

O prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), colega de partido do governador Eduardo Leite, tenta se manter otimista e acredita que o Piratini atenderá "ao que Santa Maria quer".

- Não há nada definido. Não se trata de uma questão que interesse apenas a Santa Maria. É bom ainda que se diga que não se está pedindo algo que seja inviável. Aqui, a Faixa Nova, é um corredor de desenvolvimento do centro do Estado - argumentou o prefeito.

LICITAÇÃOFoto: Renan Mattos (Diário)

A expectativa do governo do Estado é que a licitação para a concessão da RSC-287 à iniciativa privada ocorra em agosto. Não há prazo para o começo das obras de duplicação.

SANTA CRUZ QUER QUE FAIXA NOVA FIQUE PARA DEPOIS
O auditório do Park Hotel Morotin, que tinha cerca de 200 pessoas, reservava, pelo menos, um quarto do público para a caravana de Santa Cruz do Sul. A Associação de Entidades Empresariais do município foi enfática ao cobrar do Estado que o momento não é de retrocessos ou de mudança do projeto inicial. O empresariado Léo Schwingel, que representava a associação, avaliou que já se perdeu muito em tempo, recursos, desenvolvimento e em vidas com a demora da duplicação da RSC-287:

- Precisamos que a manutenção do projeto inicial, que é de 2011 e que teima em não sair do papel, seja mantida. Esse recado precisa chegar ao Piratini. A questão de Santa Maria pode ser vista logo na sequência. Mas insisto: se faça, agora, a licitação e, depois, se contempla essa demanda - disse.

O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Santa Maria (Cacism), Rodrigo Décimo, defendeu que é possível contemplar a duplicação da Faixa Nova e citou os impactos para a ERS-509, a Faixa Velha de Camobi sem a duplicação.

- É questão de tempo. A ERS-509, por exemplo, não comportará, logo mais, o fluxo de quem foge da 287 - afirmou.

DESAPROPRIAÇÕES IMPEDIRIAM OBRAS
Ainda que o Estado não tenha batido o martelo, em definitivo, a situação de se acrescentar ao projeto da concessão da RSC-287 a questão da Faixa Nova não encontra quórum entre os principais nomes do Executivo gaúcho que estiveram em Santa Maria, ontem: os secretários Bruno Vanuzzi (Parcerias), Juvir Costella (Transportes) e Eduardo Krause (diretor-geral de Logística e Transportes do Daer).

Eles afirmaram que a operação de uma obra desse tipo, por se tratar de um trecho urbano, é extremamente complexo. Além de ter a necessidade de adequar o projeto inicial, que já está concluído, uma obra desse tipo traz situações que precisam ser observadas e que poderiam atrasar o projeto. Mesmo assim, o Piratini afirma que avaliará o pleito local.

Ao longo dos quase nove quilômetros da Faixa Nova, por estar dentro do perímetro urbano, teria de se observar questões como o Plano Diretor do município e o impacto ao transporte público e à infraestrutura. Há, ainda, o desgaste da rodovia.

- Basta compararmos, por exemplo, com uma rodovia que fica em um trecho rural e que é só usada por quem está se deslocando. São questões complexas que precisam ser observadas - disse Vanuzzi.

O prefeito Jorge Pozzobom argumentou que a obra no trecho de Santa Maria não é cara, se comparada ao custo total para a duplicação da RSC-287.

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